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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Amores vãos

– Só você mesmo pra fazer isso por mim.
– O que eu não faço por você?
– Oun... Te amo.
– Ama nada. Eu que amo.
– Nem. Eu amo mais.
– Mas eu amo de um jeito diferente.
– Que jeito?
– De verdade.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A Dor


As nuvens estavam gordas e escuras. Andavam lentas pelo céu, onde a tensão inexplicável parecia fazer o ar crepitar.

Um flash de relâmpago iluminou o mundo, mas foi um som de montanhas desabando que rompeu a calma que já estava por um fio.

Respondendo ao trovão, as nuvens se romperam e fizeram descer uma água grossa e ruidosa que rolou pelas ruas e molhou as casas e escureceu ainda mais o dia.

Aquele choro rasgado durou muitas horas e, quando por fim se desfez numa chuvinha rala e simpática, fez surgir um mundo novo, limpo, de alma lavada, sem pecados nem crimes.


(Publicado originalmente em 21.03.2005, em konohito.blogger.com.br)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Interno

"Durante um ano da lua, fui declarado invisível."
- A Loteria de Babilônia, Jorge Luís Borges

Sou um espectro, vagando entre mundos aos quais não pertenço por inteiro.

Passo entre os vivos arrastando minhas correntes. Eles me vêem, me ouvem, mas não podem me tocar.

Sou uma alma apenada.

Cumpro meu tempo em regime fechado em meio à multidão.


(Publicado originalmente em 18.03.2006, em konohito.blogger.com.br)

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

O Estrangeiro


Houve um tempo em que vagávamos livres pelas ruas, quando as preocupações diárias não passavam de monstros no armário e ameaças do porvir. Era um mundo de coisas simples e verdades eternas. Não era um mundo de felicidade, mas tínhamos a força da imaginação para enfrentar as fúrias e os dragões.

Esses foram dias em que a felicidade era apenas um sonho entre tantos que estávamos construindo sobre as dores do dia-a-dia.

Houve um tempo em que as dores eram maiores que a magia e já não éramos tão fortes para subjugá-las como antes. Eram novos tempos, onde a realidade crescia e tomava outros feitios, mas ainda éramos capazes de vivê-la e de usar a nossa força para transformá-la. Era tempo de sofrer e de descobrir no sofrimento uma outra forma de sentir.

E esses foram dias em podíamos ter sido felizes.
Depois houve um tempo em que o próprio tempo pareceu parar. E já não tínhamos nem a fantasia nem a dor nem a inquietude para enfrentar o mundo. Rotina e falta de sonhos. E a vida passando por nós com sua indiferença que beira a impiedade. Já não sentíamos, não desejávamos. Vivíamos, apenas, sobre os escombros do que deveria ter sido a nossa felicidade.

E esses foram dias em que a felicidade nos visitou. E a deixamos partir.

Mas a barca da vida leva a portos estranhos. Uma pequena brasa no meio das cinzas reacende a fogueira e nos vemos de novo vivos. Nos encontramos então como estrangeiros em um novo mundo, reaprendendo a viver, buscando construir outros sonhos em terras que não nos pertencem.

E esses são dias em que a felicidade se mostra entre espelhos e já nem sabemos o que é real.


(Publicado originalmente em em 05.12.2006 em konohito.blogger.com.br)