E depois, o silêncio.
Sem explicação, sem aviso prévio, sem uma queixa, você deixou de falar comigo. Sem nenhum motivo – pelo menos para mim.
Primeiro, veio o susto. A certeza que era um engano: É paranoia. Hoje não, mas amanhã ela fala. Esperança. Sempre a última a morrer.
Depois, a esperança tornou-se ansiedade. E por fim angústia. Um dia, dois, três. Uma semana inteira sem uma palavra sua, uma mensagem, um emoticon.
A comida perdeu o sabor. Da bebida, só o efeito do álcool; a demora para dormir e o despertar na madrugada, fazendo a mim as mesmas perguntas que já lhe fiz. Por quê? O que eu fiz? Quando? De você, só o silêncio.
Os livros amigos à cabeceira da cama me ajudando a distrair a angústia e adormecer por mais umas horas, enquanto o sol nasce lá fora. Porque aqui dentro seu silêncio e a escuridão se confundem.
Passo os dias como um cachorro esperando o dono que não vem mais. De orelha em pé, cada toque, cada mensagem que chega pode ser sua, me dizendo: Deixe de paranoia! Mas, como aquele cachorro, sempre volto a me enrolar no meu canto. Não era o dono.
E é assim que temos vivido esses dias. Eu e essa esperança teimosa, que insiste em não morrer.
Sempre aguardando o próximo toque, a próxima mensagem que quebre o seu silêncio. Talvez até sua voz censurando o meu drama:
– Deixe de paranoia! Ai ai ai...