terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sombra preta


O ciúme entrou como um miasma pelas frestas da porta e invadiu tua sala, teu quarto, teus pulmões.

Seu odor acre ardeu dentro de ti e trouxe um gosto ruim à tua boca.

Mas o ciúme não te fez injetados os olhos, não afiou as tuas unhas nem reclamou o sangue que as traições cobram como tributo.

Pois o ciúme não se fez em ira.

O vinho não virou vinagre mas o ciúme, como um santo ao contrário, o transformou em água e foi como se um ar novo invadisse a casa e arejasse a tua alma e te deixasse em paz.


(Publicado originalmente em 08.01.2005, em konohito.blogger.com.br)